VIVENDO A ADOLESCÊNCIA
Demorou um certo tempo para adolescência ser reconhecida como uma fase do desenvolvimento humano. Com o progresso das sociedades, esse período ganhou visibilidade e reconhecimento das mudanças inerentes à complexa passagem da vida infantil para a vida adulta.
Atualmente é compreendida como uma das etapas do ciclo vital da vida, marcado pela experiência do indivíduo em vivenciar uma intensidade de sentimentos, formação de sua identidade e as modificações decorrentes da puberdade. Também é um período que inclui a separação progressiva dos genitores, empenho em direção ao pertencimento em outros grupos, angústias, incertezas, decepções e a sensação da falta de algo que nem sempre é nítido.
Diversos lutos perpassam o ingresso no ciclo vital da adolescência, embora 3 (três) desses sejam mais expressivos e significativos:
• Luto da perda do corpo infantil: relacionado ao desconforto da mudança corporal, independentemente de seu desejo;
• Luto da identidade infantil: marcado pelas expectativas da sociedade e da família ao esperar um comportamento diferente com novas responsabilidades e deveres.
• Luto dos pais da infância: momento em que os pais não são mais percebidos como ídolos infalíveis, e passam a ser observados como humanos, que também podem errar.
Quanto as relações familiares, ocorrem modificações sistêmicas gerando uma ambiguidade de sentimentos também nos pais; que almejam o crescimento e autonomia dos filhos, embora temam os possíveis riscos que este processo possa implicar.
Apresenta-se o desafio aos pais “dar independência com dependência” aos filhos, qual refere-se a abertura do espaço para o adolescente buscar sua identidade e sua independência de forma progressiva até o adentrar a fase adulta; embora os pais permaneçam em um “lugar” de disponibilidade e escuta para acolhimento, validação dos sentimentos e dificuldades desta fase.
Daniele Regina Pacher
Psicóloga Clínica
CRP 24/01538